quarta-feira, 15 de abril de 2009

Macunaíma e o canto da Iara

Hoje eu e Leticia concluímos as gravações de "Macunaíma e o canto da Iara", parte de nosso documentário Literatura: cantos, campos e espaços. Gravamos num beco grafitado (Beco do Aprendiz) na Vila Madalena a parte da entrevista de Iara Rennó sobre a adaptação para música do romance Macunaíma, o herói sem nenhum caráter, de Mário de Andrade. Ausências, imprevistos, problemas técnicos e outros percalços não impediram que a entrevista transcorresse de forma solta, mais que agradável, pela atenção dessa moça de olhar perspicaz, desenvoltura com as palavras e talento indiscutível para fazer música. Isso já ressoa na prosa mais intrincada de Mário que ela transpôs em "Macunaíma, ópera tupi" em estado de canção, prosa da qual ela diz ouvir música. 

E sigamos.


terça-feira, 14 de abril de 2009

Iara Rennó - SESC Santana


Estas são algumas das fotos de Celso Cardoso, produzidas no show de Iara Rennó em 12 de março, no SESC Santana, São Paulo.









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quinta-feira, 26 de março de 2009

Bastidores da gravação com a Cia Luna Lunera - Dezembro/2008


Zé Walter Albinati

Odilon Esteves

Cláudio Dias

Rômulo Braga

O diretor do documentário Eduardo de Araújo Teixeira e os atores Cláudio Dias e Rômulo Braga

O produtor Lucas Guedes e o ator Cláudio Dias

Marcelo Souza e Silva

[fotos de Celso Cardoso]

Entrevista com a Cia Luna Lunera




Durante os dias 13, 14 e 15 de dezembro de 2008, nossa equipe esteve presente nas apresentações da Cia Lunera no Sesc Avenida Paulista, em São Paulo. Era o último fim de semana que estes mineiros estariam por aqui com a peça Aqueles Dois, adaptada do conto homônimo de Caio Fernando de Abreu. Além de entrevistarmos todos os integrantes do grupo, aproveitamos para gravar a peça. Nossos sinceros agradecimentos pela participação deles no projeto.


quarta-feira, 25 de março de 2009

Viril Delicadeza


“Queríamos tanto salvar o outro. 
Amizade é matéria de salvação. 
Mas todos os problemas já tinham sido tocados, 
todas as possibilidades estudadas. 
Tinhas apenas essa coisa que havíamos procurado 
sedentos até então e enfim entrado: 
Uma amizade sincera.” 


Clarice Lispecto



Assistir aos atos concentrados dos Prêt-à-porter dos atores-criadores de Antunes Filho, depois ver esta peça que vem de Minas Gerais pela Cia Luna Lunera, ajuda a reconhecer certos traços que vem a definir um teatro contemporâneo mais inventivo que se desenha no Brasil contemporâneo. Um teatro que aspira à comunicação com o público, mas sem cair na armadilha da encenação fácil, porque mais centrado no ator, reduzindo os demais elementos a um mínimo que tenciona para, da contenção, extrair o máximo de expressividade. Tudo o que não é pouco. 

"Aqueles dois", apresentado pela companhia mineira, realiza tal proeza, avançando onde o Prêt-à-porter por vezes derrapa, por certa carência de ousadia que parece residir na crença demasiada, de que o menos é sempre mais. Assim ocorre quando a contenção excessiva represa o gesto criador em esquemas e limitações impostos à encenação. Não me contradigo. Aqui e ali, a criação nas mãos dos atores, a pesquisa, o adensamento no gesto e na palavra, com o diferencial, no caso da Cia Luna Lunera, do risco de encenar um texto literário sem vertê-lo exatamente em texto dramático. 

O conto "Aqueles dois", que dá nome à peça, é um dos textos mais conhecidos de Caio Fernando Abreu, penúltima narrativa de seu livro Morangos Mofados. A trama é de fácil apreensão: dois rapazes, Raul e Saul, recém-contratados em uma repartição, desenvolvem um forte vínculo de amizade que evolui, de maneira ambígua, para um envolvimento amoroso. Embora não se concretize sexualmente, tal relacionamento fará com que sejam banidos do emprego. Solidão, amor, repressão sexual, perda e intolerância são questões urdidas nesta narrativa para além da problemática homossexual. 



Leia o texto completo escrito por Eduardo de Araújo Teixeira e publicado na Revista Questão de Crítica.

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Literatura - cantos, campos e espaços

Literatura - cantos, campos e espaços é um projeto para composição de um livro de ensaios e um vídeo-documentário sobre a conexão entre Literatura Brasileira e diversas artes, que surgiu a partir da observação do fenômeno de renovado interesse de artistas sobre obras literárias, que realizam inventivas adaptações de autores clássicos e contemporâneos, fazendo de tais “releituras” não só ilustração comportada do texto, mas principalmente atualizações pouco ortodoxas que redimensionam o texto literário dentro da arte em que atuam.

A estratégia para elaboração dos ensaios que comporão o livro Literatura: cantos, campos e espaços, é analisar não apenas o trabalho construído, mas compreender e refletir sobre o processo de transformação do objeto literário em música, peça teatral, filme, novel graphic, instalação/exposição, fotografia, série televisiva. Para abarcar tais campos de estudo, o trabalho se desenvolve em parceria entre os seguintes pesquisadores: Eduardo de Araújo Teixeira (pós-doutorando em Estudos Culturais pela UFRJ), Lucas Guedes (jornalista e pós-graduando em Mídia, Informação e Cultura pela USP), Conrado Falbo (mestrando em Música pela UFPE), Celso Cardoso (fotógrafo) e Letícia Santinon (estudante de Sociologia da ESP-SP).

A fim de possibilitar mais densidade na pesquisa para elaboração dos ensaios, Literatura: cantos, campos e espaços abarca também um documentário no qual captaremos por meio de registro fotográfico e gravações em vídeo e áudio, trechos de apresentações, filmes, espetáculos, exposições nos locais de exibição, assim como os depoimentos dos atores, diretores, cantores, músicos, artistas plásticos e participantes do trabalho criativo. O objetivo é refletir sobre o modo que os artistas transpõem para o específico de sua arte elementos que se circunscrevia ao campo da literatura, e como neste trânsito, a fidelidade se realiza não na transcrição literal do texto, mas ao amalgamar elementos expressivos da arte que o toma por suporte, e o converte num objeto artístico, independente (auto-suficiente) e novo.

Por se tratar de um estudo de reflexão sobre produção contemporânea nas artes com propósitos acadêmicos e educacionais e de difusão cultural, não contamos com patrocínio para elaboração deste trabalho, o que inviabiliza qualquer remuneração financeira aos participantes, já que não possui fins lucrativos.